domingo, 15 de junho de 2014

A crônica do domingo -- Dom Pedro I – no príncipe, o músico (por Armando Lopes Rafael)

15 junho 2014

A crônica do domingo -- Dom Pedro I – no príncipe, o músico (por Armando Lopes Rafael)


Esta semana, em face da realização aqui da Copa do Mundo de Futebol, escrevi um artigo informando que o Brasil deve a Dom Pedro I sua identidade cívica, a começar pelas cores verde-amarelas simbólicas da nossa pátria, bem como do Hino e da Bandeira Nacionais. Hoje falarei de outra característica da rica personalidade daquele príncipe.  Antigamente, nos primeiros anos escolares, já aprendíamos que o nosso primeiro imperador, era o compositor da música do “Hino da Independência”, o qual, após receber a letra Evaristo Veiga, começa assim:
Já podeis, da Pátria filhos,
Ver contente a mãe gentil;
Já raiou a liberdade
No horizonte do Brasil
   Na atual fase da decadência quase generalizada do Brasil, as novas gerações não aprendem mais nem isso. Que Dom Pedro I era um amante das artes musicais quase todo mundo sabe. O emérito historiador Viriato Corrêa, entre irônico e crítico, escreveu: “Dom Pedro, em coisas de arte, era o tipo acabado do irresponsável. Sem nenhuma cultura musical, tocava flauta, fagote, violão e violino e até compunha músicas ligeiras”.
   O gosto pela música – e pelo fato de ter aprendido ensinamentos teóricos desde os primeiros anos de vida– motivou Dom Pedro I a produzir composições belíssimas, a exemplo de “Credo”, “Sanctus”, “Benedictus” e “Agnus Dei”. Todas essas peças musicais foram resgatadas em um CD, após serem apresentadas no 8º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga, realizado em Juiz de Fora (MG) em 1997. O povo mineiro continua a ser um dos mais cultos do Brasil.
   Compôs, ainda, Dom Pedro I um “Te Deum” para quatro vozes e orquestra, executado na Capela Imperial, por ocasião do batizado de sua filha Maria da Glória. Compôs, também, uma Missa, apresentada em 1829, e uma Abertura de ópera, executada no Teatro Italiano de Paris, em 1832, estando Dom Pedro I presente.
   O músico mineiro Adair de Miranda Motta arremata com imparcialidade e senso crítico: “Modesto lugar, sem dúvida, na galeria dos autores musicais brasileiros, é o ocupado pelo Imperador Dom Pedro I (1798–1834), mas, de medíocre não ele nada tem”.
 Mesmo depois de ter deixado o Brasil, e em meio às lutas para recuperar o trono português para Dona Maria da Glória, sua primogênita nascida no Brasil, Dom Pedro I compôs a peça musica Hino da Carta (ou da Constituição) que foi o hino oficial de Portugal até 1910, quando– naquele ano – um golpe de estado que implantou, naquela nação europeia, o sistema republicano.
(*) Armando Lopes Rafael é historiador 

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